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Ane Alencar

Geógrafa, IPAM — Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Brasília, DF

O papel das Reservas Extrativistas e de Desenvolvimento Sustentável na redução do desmatamento e na preservação florestal na Amazônia

Historicamente as Reservas Extrativistas (RESEXs) e de Desenvolvimento Sustentável (RDSs) têm tido um papel fundamental em evitar emissões de gases do efeito estufa para atmosfera oriundas da queima da biomassa florestal e do desmatamento.  Ocupando 19% da área de Unidades de Conservação da Amazônia e 8% das florestas da região, estas UCs perderam apenas 1% e 3% de sua floresta original respectivamente e hoje somam um estoque de aproximadamente 3 bilhões de toneladas de carbono, um valor superior às emissões que se pretende evitar com o Protocolo de Quioto (cerca de 2 bilhões de toneladas). A preservação destes estoques depende totalmente da sustentabilidade social e econômica das famílias extrativistas, que necessitam da floresta em pé para o desenvolvimento de suas atividades econômicas e como principal fonte de subsistência e renda. Assim, é fundamental que qualquer discussão focada nos benefícios e compensações que devem ser atribuídos aos esforços na Redução das Emissões de Desmatamento e Degradação (REDD) e na proteção das florestas, reconheça a importância do papel que as populações extrativistas têm desempenhado neste sentido. É necessário, portanto, que as demandas destas populações por melhoria de qualidade de vida e proteção aos seus territórios sejam atendidas, seja na forma de fomento as atividades produtivas compatíveis com a manutenção da floresta em pé, quanto na consolidação de seus territórios e investimento no fortalecimento e organização social destas populações.

Ane Alencar é formada em Geografia pela Universidade Federal do Pará com mestrado em Sensoriamento Remoto e Sistema de Informação Geográfica pela Universidade de Boston. Doutoranda em Conservação dos Recursos Naturais na Universidade da Florida. Coordena o programa de Planejamento Regional do IPAM que desenvolve cenários de uso da terra como ferramenta de subsídio às discussões sobre políticas públicas que fomentem a redução de emissões por desmatamento e degradação florestal.